No DCE, alunos fazem turnos para ocupação e protesto por morte de Marielle
Cerca de 100 pessoas, entre acadêmicos, professores e comunidade em geral participam de protesto em frente ao DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Além da ocupação, iniciada ontem à tarde, há manifestação pelo aniversário de um ano da morte de Marielle Franco.
O impasse no DCE teve início no último dia 26 de fevereiro, quando a pró-reitora da universidade teria dado um prazo de 48 horas para que os alunos desocupassem a sala. Durante o feriado de Carnaval, a administração da universidade retirou a placa do diretório, os pertences dos alunos e trocou a fechadura.
Agora, na ocupação, os acadêmicos estão fazendo revezamento no prédio, que permanece com cerca de 20 ocupantes por turno.
O advogado Gialyson Corrêa disse que a resolução 97/2015 da UFMS estabelece prazo de um ano para que os acadêmicos desocupassem o DCE, a partir da notificação, prazo que não teria sido respeitado. “Simplesmente disseram que eles tinham que sair e queremos que se cumpra o que se diz a resolução”.
A acadêmica de Arquitetura, Anita de Matos, 22 anos, disse que a resolução de 2015 chegou a ser revogada pelo reitor, mas esse ato não foi aprovado pelo conselho diretor, prevalecendo, assim, o prazo de um ano.
Agora, a ocupação, além de manter o acesso aos acadêmicos, prevê série de ações nos próximos dias, podendo ser ofertada por quem quiser participar dos protestos, como oficinas e eventos culturais. Amanhã está previsto o “cine ocupação”.
Um estudante de Direito, de 24 anos, que não quis se identificar, disse que há projeto da UFMS de usar o prédio para abrigar alunos que precisariam de assistência estudantil, mas que eles não estão de acordo com o projeto, abrindo mão do imóvel em favor do DCE.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da UFMS desde que ocupação foi noticiada e ainda aguarda retorno. Não há qualquer informação oficial sobre o uso do prédio para assistência estudantil.
Protesto – além da ocupação, os manifestantes também lembram aniversário de um ano da morte da deputada Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro. Inicialmente, a ação foi realizada na Concha Acústica, mas eles foram até o DCE e uniram força com acadêmicos.
Agnes Viana, 21 anos, acadêmica de Psicologia, acredita que a mobilização é uma forma de levar o diálogo para dentro da UFMS. “Intenção é mobilizar a juventude; depois de um ano, ainda não se sabe a motivação do crime, não temos uma resposta efetiva”.
O PM reformado Ronie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira Queiroz foram presos como executores do crime no dia 12, mas a investigação ainda apura quem teria sido os mandantes do crime.
Agnes acredita que a morte de Marielle motivou grande parcela da população porque a deputada representava a pauta de muita gente. “A morte dela é um ataque violento aos nossos corpos políticos, um recado desse estado racista e genocida”, avaliou.
Foto: Campo Grande News – Silvia Frias e Izabela Sanches
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