Feriados e pontos facultativos causam prejuízo de R$ 292 milhões em MS
Emendas de feriados têm seus efeitos colaterais – ao menos no que se refere à economia. Com os pontos facultativos, os 12 feriados deste ano se transformaram em 44 dias de folgas em Mato Grosso do Sul. O impacto nas atividades econômicas é estimado em R$ 292 milhões no estado, o que representa perda média diária de R$ 800 mil ou de R$ 555 por minuto. O valor total corresponde a 3% do PIB (Produto Interno Bruto) projeto para este ano.
O governo de Mato Grosso do Sul determinou dez dias de pontos facultativos neste ano, conforme Decreto “E” nº 1, publicado no Diário Oficial do dia 12 de janeiro. Em 2016, com menos feriados próximos dos fins de semana, foram seis emendas.
Já a Prefeitura de Campo Grande publicou, até agora, três decretos, com cinco dias de pontos facultativos. Os números estão pouco acima aos do mesmo período do ano passado, quando foram publicados dois decretos, com quatro dias sem trabalho.
Feriados e perdas – Com os pontos facultativos, os órgãos do governo e da prefeitura deixaram de funcionar, até o momento, em seis dias neste ano. No total, são 12 feriadões de janeiro a dezembro. Considerando os sábados e domingos que estão nesses intervalos, são 44 dias de folga, ou seja, praticamente um mês e meio.
Para quem descansa nesses dias não há o que reclamar. No entanto, nos caixas das empresas dos diferentes setores da economia, o impacto é significativo. Estudo da MC2R Inteligência Estratégica projeta prejuízo de R$ 259,81 bilhões em todo o País com feriados e pontos facultativos deste ano. O valor corresponde a 4% do PIB nacional, estimado em R$ 6,49 trilhões.
Em Mato Grosso do Sul, a projeção de perda é de R$ 292,04 milhões. Isso equivale a 3% da riqueza que deve ser produzida durante este ano pelo estado, de R$ 97,46 bilhões, de acordo com estimativa do governo. O impacto esperado representa prejuízo de R$ 555 por minuto, o que corresponde a 58% do salário mínimo, de R$ 954.
Impacto nos caixas – Empresários de diferentes setores sabem bem o que representam esses números. “De modo geral, os fluxos são só de saídas, e não de entradas na cidade”, nota Sônia Irma Frainer, dona da Masseria e integrante do conselho da Abrasel/MS (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em MS).
A empresária afirma que os dias de emendas é ruim para o setor de restaurantes de modo geral. “A cidade se esvazia. As pessoas viajam para o interior, para fazendas”, nota, em menção ao cenário de dependência dos setores da economia ao funcionalismo público.
Na indústria, o quadro é o mesmo. “No mundo de modo geral, a produção industrial não para; não há dia morto em feriado. Mas aqui em Mato Grosso do Sul, ainda há uma dependência muito grande dos órgãos públicos”, afirma o empresário Julião Gaúna, proprietário da gráfica Pontual.
Essa situação, segundo observa o empresário, compromete a rotina produtiva. “Nada que precise de secretarias e órgãos do governo e da prefeitura pode ser feito nesses dias. Isso afeta o volume de negócios. Agora, por exemplo, só podemos resolver alguma coisa com esses órgão a partir de quarta-feira. É praticamente a semana inteira perdida”, reclama.
“Os pontos facultativos reduzem a circulação do público consumidor na cidade. Quando há ponte de feriado, o varejo de Campo Grande é impactado, pois parte da população que movimenta do comércio acaba viajando”, diz Roberto Oshiro
Cidade vazia – Da mesma forma que os serviços e a indústria, o comércio também contabiliza perdas com as tantas emendas. “Os pontos facultativos prolongam os feriados, reduzindo a circulação do público consumidor na cidade. Quando há ponte de feriado, o varejo de Campo Grande é impactado, pois parte da população que movimenta do comércio acaba viajando, ou seja, gasta os seus recursos fora”, comentou o advogado tributarista e diretor da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), Roberto Oshiro
“Além disso, os serviços públicos, como exemplo o judiciário, secretarias e outras repartições, ficam paralisados. É um prejuízo para toda a população que paga impostos e que, com isso, paga os salários do funcionalismo público. É injusto com a sociedade, pois estamos pagando para não trabalharem em dias que são considerados úteis fora da área pública”, finaliza Oshiro.
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