Fortalecimento do comércio e agricultura familiar é resultado do programa Cidade Empreendedora em Costa Rica
Apoio ao comércio local e agricultura familiar, melhoria dos processos municipais, fomento ao turismo e incentivo à participação dos pequenos negócios nas compras públicas, além da promoção de uma cultura empreendedora nas escolas. Essas foram algumas das vertentes trabalhadas pelo programa Cidade Empreendedora em Costa Rica, executado ao longo dos últimos 17 meses em uma parceria entre Sebrae e Prefeitura Municipal. A iniciativa foi encerrada oficialmente na noite de sexta-feira (27), em uma solenidade no Parque Natural Municipal Salto do Sucuriú, com a entrega de um relatório com os resultados do trabalho desenvolvido no município ao prefeito, Cleverson Alves dos Santos.
Segundo o prefeito, a iniciativa promoveu o crescimento econômico do município, por meio de ações articuladas entre o poder público, empresários, produtores rurais e a população em geral. “Desde que o Cidade Empreendedora veio para Costa Rica muitas mudanças aconteceram. O empreendedor local passou a entender a importância de se qualificar e a necessidade de buscar informação. O Sebrae nos trouxe isso com capacitações, promoção de networking e ações que permitiram que a gente integrasse o pequeno negócio que precisa vender com a grande empresa que quer comprar e isso interligou as cadeias produtivas para que nosso município pudesse produzir em rede e ter um desenvolvimento sustentável”, destacou o líder do executivo.
Costa Rica aderiu ao programa Cidade Empreendedora em julho de 2021 e foi acompanhado pelo Sebrae até dezembro do ano passado. Nesse período, 30 ações foram realizadas em eixos estratégicos com base na necessidade do município. O principal deles que norteou o trabalho foi “Cidade de Negócios, voltado para alavancar o desenvolvimento através do empreendedorismo. Algumas das iniciativas que tiveram esse propósito foram estruturadas a partir da construção do Plano de Desenvolvimento Econômico elaborado em conjunto com as lideranças locais.
De acordo com o diretor-superintendente do Sebrae/MS, Claudio Mendonça, o comprometimento do poder público e da sociedade civil organizada foi fundamental para repercussão positiva do programa. “O Cidade Empreendedora disponibiliza várias ferramentas que possibilitam melhorar o município em muitos aspectos, mas o engajamento da Prefeitura Municipal, dos empreendedores locais, e dos parceiros como Associação Comercial e do Sindicato Rural, fez toda a diferença para obter bons resultados. Foram várias ações que possibilitaram capacitar a gestão municipal, além de apoiar a agricultura familiar e o pequeno negócio promovendo a geração de emprego e renda e o desenvolvimento de Costa Rica”, destacou Mendonça.
Fortalecimento do empreendedorismo
O Sebrae atuou em Costa Rica melhorando o ambiente de negócios para quem quer empreender e dando suporte tanto para o pequeno empresário quanto para os produtores da agricultura familiar. Neste sentido, foram realizados mais de 5.400 atendimentos, com a proposta de dar apoio aos empreendedores e interessados em ter o próprio negócio. Deste número, foram alcançadas mais de 900 empresas distintas localizadas na cidade.
Uma das empresas atendidas foi a LadyShoes, da empreendedora Leidiana Alves. Ela participou de cursos para que conseguisse melhorar o negócio e se tornou microempreendedora individual (MEI). No último ano, também passou a apostar na comercialização de outros tipos de produtos para ampliar os lucros e ressalta a importância do programa para os pequenos negócios. “A chegada do Cidade Empreendedora possibilitou que a prefeitura tivesse um novo olhar para o microempreendedor. Isso mostra a preocupação em desenvolver os pequenos empresários levando conhecimento através dos cursos e oficinas, que nos ensinaram, principalmente, a precificar da forma correta e a administrar melhor as finanças”, destacou a empreendedora.
Dentre as ações de capacitação promovidas para o comércio local, o grande destaque foi a realização do Dia da Oportunidade, um evento gratuito ocorrido em fevereiro deste ano, que ofereceu palestras e oficinas, além de Sessão de Negócios entre os empresários locais e a promoção de uma feira onde os microempreendedores individuais (MEI) e produtores puderam expor os produtos para a população.
Outra ação destaque foi possibilitada pela parceria com o Sistema Fiems, quando o Sebrae/MS também levou para o município unidades móveis de capacitação. Por meio de carretas equipadas com maquinários de ponta, foram oferecidos cursos nas áreas de transformação digital, informática, automotiva, construção civil, panificação, solda e costura. Paralelamente às capacitações, a Sala do Empreendedor [NTM1] do município recebeu uma nova proposta de comunicação visual, melhorando a sinalização e tornando o ambiente mais acolhedor para o empresário.
O resultado do suporte oferecido ao comércio local pode ser observado pelos dados emitidos pela Receita Federal. O número de fechamento de empresas durante a execução do programa, por exemplo, reduziu 43% se comparado com o mesmo período anterior ao Cidade Empreendedora. Além disso, também houve um aumento de 10% no número de empresas ativas no município e o aumento de 37% na formalização de microempreendedores individuais.
Fomento ao turismo
Outro trabalho realizado dentro do programa foi voltado para engajar o trade turístico envolvendo apoio aos empresários e a construção conjunta de ações para estruturar o segmento no município. Nesse sentido, Costa Rica passou a contar com um conjunto de ações para estimular o turismo consciente nos atrativos naturais, entre eles, o Parque Natural Municipal Salto do Sucuriú, o Parque Natural Municipal da Lage, o Parque Estadual Nascentes do Rio Taquari – Canyon do Engano, além de cachoeiras e grutas.
Nesse contexto, foi realizado o Seminário “Oportunidades e Desafios para o Desenvolvimento do Turismo”, onde foram apresentadas as políticas de promoção turística, destacando-se a implantação do Sistema da Gestão da Segurança (SGS) nos atrativos do município, além da realização de um programa de Sensibilização da Comunidade e Empreendedores para o Turismo. Na demanda turística, foi apontada a necessidade de posicionamento digital dos destinos e dos negócios turísticos, bem como campanhas de promoção turística do destino. Uma das iniciativas da governança é a implantação de Observatório de Turismo.
Compras Públicas e fomento à agricultura familiar
Em Costa Rica, o Cidade Empreendedora também atuou capacitando os servidores públicos e, com isso, o município conseguiu tornar o processo de Compras Públicas mais célere e eficiente, além de adotar estratégias para possibilitar que os pequenos negócios locais sejam priorizados nos editais de licitação – tratamento diferenciado previsto na Lei Complementar nº 123/2006. Com esse trabalho, a Prefeitura Municipal investiu, em 2021 e 2022, no total, R$ 6,3 milhões em empresas locais licitadas para o fornecimento de produtos e prestação de serviços.
Outra melhoria foi a adoção de novas ferramentas para facilitar o acesso das empresas locais aos editais de licitação, como o Portal Costa Rica Empreende. A plataforma digital também possibilita que os empresários cadastrados acompanhem o cronograma de compras do órgão público e se programem para participar dos pregões. Além da implementação do portal com o foco nos empreendedores urbanos, o município criou uma plataforma voltada para os pequenos negócios do campo, o Portal AgroRica Empreende, com o intuito de levar informação aos produtores e facilitar o acesso desse público aos serviços oferecidos pela prefeitura.
Juntamente com esse trabalho, produtores da agricultura familiar receberam consultoria especializada para que melhorassem a qualidade da produção, além de aprenderem a planejar o plantio de acordo com o que o mercado precisa e conseguirem se organizar para vender para a prefeitura via Programa Alimenta Brasil (PAB) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Atualmente, 21 agricultores estão habilitados e garantem a renda da família ao fornecer produtos ao poder público por meio dos dois programas.
Segundo secretário municipal de Agricultura e Desenvolvimento, Fernando Barbosa Martins, esse trabalho fez a diferença na vida das famílias rurais. “Muitas vezes, produzia-se de forma errada e, com esse acompanhamento, os produtores tiveram acesso a várias alternativas como a produção do adubo orgânico, baixando os custos. Trabalhamos também o planejamento e escalonamento de produção e com isso eles começaram a produzir de forma organizada. Essa foi a maior transformação, com grande impacto na vida desses agricultores. Por meio do programa, eles tiveram uma assistência efetiva com esse trabalho do Sebrae aqui no município”, frisou o secretário.
Mais uma ação destinada para apoiar a agricultura familiar, foi a revitalização da Feira do Produtor. Para tornar o espaço mais atrativo para a população, o local ganhou uma nova identidade visual. Com essa ação, os feirantes receberam capacitações para melhorar o atendimento ao cliente e ampliar a visibilidade do negócio. Outro trabalho nessa mesma linha foi o 1º Desafio Estadual das Merendeiras. Costa Rica aderiu à competição e 10 profissionais participaram da etapa municipal. Além de promover a capacitação e valorizar o trabalho desenvolvido nas escolas, a iniciativa exigiu a criação de receitas compostas por alimentos oriundos da agricultura familiar, como uma forma de estimular o município a adquirir os itens dos produtores locais.
Empreendedorismo na escola
Por meio do programa Cidade Empreendedora, pela primeira vez, o empreendedorismo foi levado para sala de aula. Estudantes do Ensino Fundamental da Escola Municipal Belonizia Paulino de Oliveira, localizada na área rural do município, tiveram a oportunidade de participar da metodologia Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP). O Sebrae/MS promoveu a capacitação docente e, a partir disso, a temática foi trabalhada com os alunos.
Outra ação foi o projeto Riquinho, implementado na Escola Municipal Vale do Amanhecer. A iniciativa é promovida em conjunto com o Sicredi e atende 120 alunos do 4º e 5º ano do Ensino Fundamental. Ao entregar na escola itens que seriam descartados em casa, como garrafas pet ou recipientes plásticos, as crianças recebem “riquinhos” e com a moeda social podem adquirir hortaliças, legumes, leite e ovos na feira da cidade. O valor dos produtos fornecidos para as crianças é repassado para os produtores cadastrados pelo Sicredi e o material reciclável arrecadado é doado para a cooperativa dos catadores locais.
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