Mato Grosso do Sul concentra 90% da área desmatada do Pantanal
Maior planície alagável do planeta, o Pantanal segue sob constante ameaça devido ao desmatamento. Dados do relatório MapBiomas divulgado na segunda-feira (12), apontam que entre 2019 e 2022 mais de 101 mil hectares foram desmatados no bioma, o que equivale a uma área próxima ao tamanho da cidade de São Paulo. Mato Grosso do Sul concentra 90% da área desmatada do Pantanal.
Conforme o relatório, mesmo com as ações crescentes em prol a preservação do bioma, os números são preocupantes. Em 2022, o Pantanal registrou os piores números do triênio, com 31.211 hectares devastados entre florestas úmidas, campos naturais e formações savânicas.
Os dados mostram que dentre os ecossistemas brasileiros, o Pantanal foi o mais agredido em área média desmatada. Outro fato alarmante é que 90% do fenômeno ocorre em Mato Grosso do Sul, com metade das ocorrências registradas em propriedades do município de Corumbá.
Falta políticas de proteção ambiental
Para o diretor executivo do Instituto SOS Pantanal, Leonardo Gomes, diversos fatores contribuem para o aumento do desmatamento no Pantanal. Em especial, as lacunas na legislação do Estado e ausência de uma legislação federal específica para a proteção do bioma.
“A legislação do Mato Grosso do Sul para o bioma não apresenta embasamento científico suficiente para os limites de desmatamento estabelecidos, tampouco prevê um processo de licenciamento ambiental adequado para as características de sua flora. Faz-se urgente a promulgação da Lei Federal, conforme previsto pela Constituição Federal, que contemple todo o bioma e sua diversidade de hábitats, com base em evidências científicas e participação dos diversos setores da sociedade impactados”, destacou.
Em uma comparação entre estados, o relatório do Mapbiomas, mostra que entre 2019 e 2022 o estado de Mato Grosso desmatou 9.500 hectares, desse total, 4 mil hectares só no último ano. Em Mato Grosso do Sul foram 91 mil hectares desmatados, sendo 26 mil hectares no ano passado.
Gustavo Figuerôa, diretor de comunicação do SOS Pantanal, ressalta que diante dessa e a triste realidade é necessário reforçar o importante papel desempenhado pelo bioma.
“Trata-se de um refúgio que abriga as maiores concentrações de espécies ameaçadas, como onça-pintada, ariranha e arara-azul. Essa supressão acelerada da vegetação nativa coloca em risco essas populações, que encontram no Pantanal um de seus últimos refúgios. Essa é mais uma ameaça que se soma às outras que o Pantanal enfrenta e, se não conseguirmos puxar esse freio logo, esse bioma tão imponente, mas tão frágil ao mesmo tempo, pode deixar de existir do jeito que é hoje em pouco tempo”, reflete.
De acordo com o SOS Pantanal, o bioma registrou uma média de 85 hectares desmatados por dia em 2022. Neste mesmo período, foram contabilizados 266 alertas de ação ilegal contra a flora e fauna locais. fonte midiamax
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