‘Falou bonito, mas não falou de dinheiro’, diz Lula em mais uma cobrança pública a Haddad
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez mais uma cobrança pública ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O petista participava de um evento de aniversário da Empresa Brasileira de Pesquisa em Agropecuária (Embrapa) nesta quinta-feira, 25, quando resolveu se queixar da postura de Haddad por não oferecer alternativas para aumentar o orçamento da instituição.
“Eu notei aqui duas coisas legais, o Haddad vem aqui, falou bonito, mas não falou de dinheiro. Aí eu falei: ‘Ele tratou com o meu ministro da Agricultura, o [Carlos] Fávaro, o Fávaro é que vai falar de dinheiro.’ O Fávaro falou, falou, falou, puxou o saco do funcionário e também não falou de dinheiro”, criticou Lula.
“A única que falou de dinheiro foi a única que não afirmou nenhum protocolo, que foi a companheira Luciana [Santos], ministra de Ciência e Tecnologia”, complementou o presidente.
Lula então criticou a não realização de pesquisas por falta de orçamento. “É uma coisa tão absurda um centro de conhecimento deixar de fazer uma pesquisa porque falta R$ 1 milhão, R$ 2 milhões”, disse.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, afirmou, depois da cerimônia, que a empresa tem mais de mil projetos elaborados, que custariam cerca de R$ 500 milhões por ano. Porém, o orçamento é de apenas um terço desse valor.
O ministro da Agricultura chegou a considerar o montante pequeno quando comparado com a importância da Embrapa. “Acontece que orçamento público, responsabilidade fiscal, é uma dificuldade de superar. Com apoio do presidente Lula e da iniciativa privada, vamos colocar mais recursos na Embrapa para que ela acelere o desenvolvimento.”
Mas sobre a fala de Lula, Fávaro se esquivou e jogou a responsabilidade no colo de Haddad. “Eu não sou ministro da Fazenda”, disse.
Cobrança anterior
Também nesta semana, o presidente Lula deu um “puxão de orelha” em Haddad, que repercutiu bastante na imprensa. Na ocasião, Lula pedia mais esforço do ministro para realizar articulações.
“O vice-presidente Geraldo Alckmin tem que ser mais ágil, tem que conversar mais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem que, ao invés de ler um livro, perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social, o Rui Costa, ministro da Casa Civil, [tem que] passar uma parte do tempo conversando”, disse o presidente.
Nos bastidores, segundo o colunista Guilherme Mazieiro, do Terra, a repercussão gerou incômodo entre membros do Planalto.
“Na segunda-feira, quando aconteceu essa fala, eu conversei com algumas pessoas no Planalto e eles estavam indignados que a imprensa estava repercutindo isso como notícia, porque foi uma brincadeira e ninguém percebeu. O problema é que o presidente da República, e qualquer político, na realidade, tem que ter muito cuidado para fazer brincadeira e ironia”, considera o colunista. Fonte: Redação Terra
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