Fotógrafo cria série “fofa” em homenagem a figuras históricas de Camapuã

Toda cidade tem suas figuras históricas, que fundaram bairros, lutaram por infraestrutura ou simplesmente ajudarm a comunidade. Muitos envelhecem, morrem e se perdem na memória. Para homenagear quem muito fez pela cidade de Camapuã, o professor de matemática, mestre em cultura e fotógrafo nas horas vagas Denilson Rodrigues, 43 anos, registrou a rotina de muitos moradores.

A série produzida no preto e branco ficou apaixonante e virou até livro lançado em 2014. A obra teve 1000 cópias impressas e esgotou rapidamente. “Eu não fiz com objetivo de ganhar dinheiro, mas para divulgar o trabalho mesmo. Recebi alguns apoio e completei com recursos próprios. Essa foi a idéia do livro valorizar pessoas que muito contribuiram por Camapuã, mais que nem sempre seriam lembrados como nome de ruas ou de algum órgão na cidadade”, explica.

A foto principal da matéria traz seu Valdomiro Silvério dos Santos, na época da rodagem do livro com 82 anos, e Odinia Mendonça dos Santos, 79. Com o sorriso no rosto, completavam 60 anos de casamentos.

Na cidade de Camapuã, os dois são rezadores de terço cantado. Com a idade avançada, eles já não lembram das rezas mais tem um caderninho que os acompanha. Até hoje, muitos solícitos, é só pedir que rezam, frisa Denilson.

Capa do livro. 1000 obras foram impressas. (Foto: Arquivo Pessoal)Capa do livro. 1000 obras foram impressas. (Foto: Arquivo Pessoal)

Casado e pai de uma filha, Denilson explica que a paixão por lecionar e fotografar nasceram juntas. No entanto, foi em 2003 que as fotos foram aprimoradas. “As duas coisas caminham juntas na minha vida. Mais desenvolvi a fotografia para curar de uma depressão. A fotografia é um momento de fuga, quando estou com a máquina esqueço de tudo. Para mim o melhor momento do dia é o pôr do sol, eu devo ter mais de 1000 fotos do pôr do sol”, pontua.

Os personagens foram escolhidos a dedo. Acima dos 80 anos ou casal com mais de 50 anos de casamento.

“Em 2014, iniciei um projeto fotografando idosos na cidade de Camapuã com intuito de fazer um livro de fotografias. Lancei em dezembro de 2014, com o título “Ilustres Camapuanenses”. Foram publicados 120 idosos (alguns casais), sempre privilegiando idosos acima dos 80 anos. Imprimi 1000 livros, consegui alguns patrocínios e o restante com recursos próprios, hoje disponho apenas de alguns exemplares porque foi um grande sucesso em Camapuã”, conta.

Logo abaixo, o autor retratou Adalgiza e Licia Batista.

Casais escolhidos tinham mais de 50 anos de casamento. (Foto: Arquivo Pessoal)Casais escolhidos tinham mais de 50 anos de casamento. (Foto: Arquivo Pessoal)

Os personagens foram escolhidos a dedo. (Foto: Arquivo Pessoal)Os personagens foram escolhidos a dedo. (Foto: Arquivo Pessoal)

Adalgiza Maria da Silva, faleceu em 2015, com 91 anos, ela teve 22 gestações e um filho adotivo. Ela era a matriarca da família mais tradicional do comércio em Camapuã, conhecido como os ”Henriques”. Ela foi um grande exemplo e referência de empoderamento feminino para a cidade de Camapuã.

Licia Batisca Camargo, faleceu aos 97 anos. Denilson lembra que no dia da foto pediu a benção da moradora, mas só foi abençoado após Lícia se sentar. “Ela disse numa voz bem baixinha que o pai dela não ensinou ela cumprimentar as pessoas deitada”. Dona Licia emanava uma energia boa, ela cuidou de uma filha com síndrome de Down por mais de 40 anos, e era muito conhecida na cidade.

Denilson começou fotografando paisagens, eventos, pássaros, mas a paixão mesmo é a fotografia documental. O camapuanense reúne 23 premiações, sendo quatro internacionais. “Sempre estudo novas técnicas para aprimorar a arte fotográfica. Hoje estou dedicando o estudo da fotografia em longa exposição no modo Bulb”, conta.

Fotógrafo quis homenagear quem muito fez pelo município. (Foto: Arquivo Pessoal)Fotógrafo quis homenagear quem muito fez pelo município. (Foto: Arquivo Pessoal)

Lourenço, tio Lourencim. Morreu ano passado e também fez parte da série de fotos feitas por Denilson.

A imagem é impactante e mostra os reais reflexos da idade avançada de homem, praticamente, centenário.

“Faleceu aos 98 anos. Eu cheguei a levá-lo a Corumbá três vezes. Só a reza já matava a cobra. As vezes ele conversava com o dono da fazenda e perguntava onde ninguém ia na propriedade. Logo em seguida, após a reza, todas as cobras se fixavam nesse local. Mas ele ainda alertava: não vai lá, não”, conta Denilson.

As próximas fotos que também fazem parte do livro são do picolezeiro Moysés Aguiar, o casal Branco Batista e Maria e Mané Machado.

Moysés Aguiar, hoje com 87 anos, ainda vende picolés pelas Ruas de Camapuã. É um personagem conhecido no muncípio, com um bom humor invejável.

O casal Branco Bastista, de 100 anos, e Maria José Paes, que faleceu há 2 anos, viveram uma vida interia juntos. Maria se foi, mas Branco continua contando causos e histórias de boiadeiro. É considerado uma lenda vida de Camapuã.

Hoje aos 86 anos, Mané é proprietário do bar mais antigo de Camapuã. Até hoje ele mantém os amigos e as tradições, gosta de modas de viola e sempre reúne os amigos para tocar e cantar modas em seu bar. O bar de seu Mané é um ponto cultural, embora seja pouco preservado ou valorizado.

Bom humor de Moacyr é conhecido na cidade. (Foto: Denilson Rodrigues)

Bom humor de Moacyr é conhecido na cidade. (Foto: Denilson Rodrigues)

Dona Maria faleceu, mas Branco ainda conta causos aos 100 anos. (Foto: Denilson Rodrigues)Dona Maria faleceu, mas Branco ainda conta causos aos 100 anos. (Foto: Denilson Rodrigues)

Seu Mané é dono do bar mais antigo de Camapuã. (Foto: Denilson Rodrigues)Seu Mané é dono do bar mais antigo de Camapuã. (Foto: Denilson Rodrigues). fonte campo grande news
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