Governo de MS reconhece emergência em Corumbá provocada pela cheia no Pantanal
O governo do estado reconheceu a situação de emergência declarada pela prefeitura de Corumbá, em consequência da cheia que ocorre no Pantanal, e encaminhou parecer técnico à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil sugerindo a homologação do decreto municipal. A cheia isolou 2.500 pessoas ribeirinhas e causa prejuízos econômicos com impactos sanitários no rebanho devido à movimentação dos animais.
A homologação da situação de emergência pelo governo federal torna a região atingida pelo fenômeno natural como prioridade quanto ao repasse de recursos financeiros e permite, excepcionalmente, o alongamento de dívidas dos produtores rurais. Os pantaneiros pediram liberação de linha de crédito especial pelo Banco do Brasil e mudanças em programas, como o de retenção de novilhas, e prorrogação da vacina antiaftosa, que se estenderá até 30 de junho.
A cheia deste ano no Pantanal não deve passar dos seis metros (do rio Paraguai) na régua de Ladário, localizada na fortificação da Marinha. Depois de cinco dias em estabilidade, o rio voltou a subir e registra 5,33 metros na terça-feira (12). Estima-se que o pico nesse ponto, que serve de referência para estudos e previsões hidrológicas na bacia pantaneira, será de 5,70 metros. O nível atual do rio em Ladário estava previsto para o final do mês.
Socorro aos ribeirinhos
O coordenador estadual de Defesa Civil, tenente-coronel Fábio Santos Catarineli, que assinou o parecer técnico enviado à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, informa que o Governo do Estado monitora a situação nas áreas ribeirinhas do rio Paraguai, em apoio ao município de Corumbá. Ele adianta que o estado planeja aquisição de cestas básicas para atender as famílias atingidas pela cheia nas regiões do Amolar, Taquari, Forte Coimbra e Porto da Manga.
“Fizemos uma vistoria in loco nas regiões inundadas, como ação complementar, e constatamos uma situação real, cujos danos e prejuízos decorrentes do evento implicaram no comprometimento da capacidade de resposta econômica e administrativa do poder público municipal”, ressalta. “Aguardamos um plano de ação da prefeitura de Corumbá para iniciarmos o atendimento às famílias desabrigadas ou em situação de isolamento.”
O coordenador de Defesa Civil do Estado explica que, de acordo com os critérios atuais, não houve a exigência necessária de decretação de Situação de Emergência em Corumbá pelo Governo do Estado, “uma vez que agora isso se verifica quando ocorre danos materiais extremamente agravantes e que necessitem de auxílio complementar do Estado para reconstrução e restauração do cenário destruído pelo desastre”.
Impactos na pecuária
A enchente no Pantanal atinge atualmente o município de Corumbá, que detém a maior área da planície do bioma, onde o nível máximo do rio Paraguai deverá ser registrado no final deste mês, conforme previsões. O maior volume de água do rio se concentra nos arredores da cidade, que não é atingida pela cheia, e já isolou a região do distrito do Porto da Manga e o acesso pela Estrada Parque (MS-228) está interrompido. Essa água chega em julho em Porto Murtinho.
Laudo técnico da Embrapa Pantanal descreve que existem mais de 2 milhões e 300 mil cabeças de gado na região do baixo Pantanal, de Coxim a Porto Murtinho. Com a falta de logística adequada para a movimentação do rebanho, o custo total do deslocamento dos animais por meio de comitivas até os pontos de embarque deve ficar em torno de R$ 5 milhões. Em Corumbá, segundo o Sindicato Rural local, mais de 1 milhão de cabeças de gado já foi remanejada.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Luciano Leite, os efeitos da inundação deste ano devem ser sentidos nas propriedades rurais até 2019 por sua influência no score corporal das vacas de cria. “Esses animais, por serem retirados dessas áreas mais baixas em longas caminhadas, vão diminuir seu score corporal. Consequentemente, vão diminuir a produção de bezerros de maio de 2019 (da próxima estação de parição)”, explica.
Fonte: G1
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