Mais de 3 mil crianças passam frio em barracos de lona em Dourados

Dados da Fundação Nacional do Índio (Funai) aponta que cerca de 3 mil crianças, debaixo de barracos de lona, estão vulneráveis ao frio intenso, com temperaturas de 7º graus, nas aldeias de Dourados. Essas crianças moram com a família em barracos improvisados na Reserva Indígena de Dourados, a mais populosa do Brasil. É o caso da dona de casa Laudicéia Oliveira, de 37 anos. Ela tem cinco filhos.

Com poucos agasalhos e cobertores, a estratégia é perigosa para espantar o frio. Com pedaços de lenha ela acende um fogo para aquecer o interior do barraco que mora com os filhos. Com as chamas ela também improvisa um fogão para preparar alimentos. “Hoje eu tento evitar essa prática por causa da fumaça. Só quando está muito frio. Mas ainda tem muita gente que faz fogo nas casas para se aquecer”, destaca.

O coordenador da Funai, Fernando de Souza, ttem alertado as famílias sobre os riscos. “Já ocorreu situações em que a família dormiu e inalou a fumaça. Também houve casos de incêndios”, alerta, observando ainda que está buscando parcerias com empresas que possam ser pontos de doação de agasalhos e cobertores para a campanha do Agasalho desse ano.

10 anos sem habitação

A Funai estima que Reserva de Dourados tenha cerca de 2 mil famílias vivendo debaixo de lonas ou em estruturas improvisadas. São homens, mulheres e crianças e idosos que vivem em péssimas condições de moradia, alojados em barracos e sem saneamento básico.

Segundo a Funai, em 10 anos não nenhum Programa Habitacional contemplou a Reserva. De acordo com o coordenador, o déficit de moradia é causado porque o poder público, seja Prefeitura e Governo do Estado, nesses últimos anos paralisaram qualquer política pública voltada para a comunidade indígena. “Ainda existe uma dificuldade dos governantes lembrarem que o índio também é cidadão. Prova disso é que nunca procuram fazer os cadastros da comunidade para programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida, por exemplo”, lamenta.

Saída

Fernando de Souza disse que, em parceria com o deputado federal Geraldo Resende tem buscado financiamento da União para novas moradias na Reserva. Uma delas é o Programa Nacional de Habitação Rural, que foi criado com a finalidade de possibilitar ao agricultor familiar, trabalhador rural e comunidades tradicionais o acesso à moradia digna no campo, seja construindo uma nova casa ou reformando/ampliando/concluindo uma existente. Nesse projeto estão previstas 100 casas, sendo 50 na Bororó e 50 na Jaguapiru.

Fonte: DouradosAgora.