CRONOLOGIA: greve dos caminhoneiros
Ignoradas pelos brasileiros antes da sexta-feira (18), as palavras “greve” e “caminhoneiros” explodiram entre os termos procurados para entender o que acontece no país. Os protestos começaram a tomar forma na terceira semana de maio, puxados, ao menos publicamente, por associações de caminhoneiros autônomos que são contra a política de preços da Petrobras.
O primeiro marco da crise apareceu na sexta-feira (18), com um ultimato da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) e uma promessa do governo. Abaixo, o G1 mostra os pontos decisivos:
Ameaças e ‘governo sensibilizado’
Sexta (18)
Caminhoneiros fazem anúncio de greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira (21) caso o governo não reduzisse a zero a carga tributária sobre o diesel (PIS/Cofins). Eles dizem que tentam negociar desde outubro de 2017, e, sem respostas até 14 de maio, iniciaram mobilizações. O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, diz que o governo estava sensibilizado com a alta dos preços e discutia como reduzir impostos.
“Se hoje não tiver uma resposta até as 18h, a gente já vai começar a se preparar para parar a partir da segunda-feira. Tem hora e dia para começar, mas não para acabar” – José da Fonseca Lopes, presidente da Abcam
Quinto aumento consecutivo do diesel
Sábado (19)
Entra em vigor o quinto reajuste diário consecutivo: a Petrobras eleva os preços do diesel em 0,80% e os da gasolina em 1,34% nas refinarias. A escalada nos preços acontece em meio à disparada nos preços internacionais do petróleo e em consequência da nova política de preços instaurada em julho de 2017. Entre julho de 2017 e maio de 2018, o aumento para o consumidor foi de 21%, sendo 8,2% somente entre janeiro e maio.
Primeira decisão judicial
Domingo (20)
A Justiça Federal proíbe o bloqueio total de estradas federais por caminhoneiros no Paraná. A ação foi movida pela Advocacia Geral da União (AGU) a pedido da Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O fechamento total poderia ser punido com multa de R$ 100 mil por hora.
De acordo com Carlos Marun, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, a primeira reunião da cúpula do governo sobre o preço do diesel ocorreu neste dia.
Primeiros bloqueios pelo país
Segunda-feira (21)
NAS RUAS: Em 21 estados foram registrados os primeiros bloqueios totais ou parciais de rodovias. Desde este primeiro dia de atos, a Rodovia Régis Bittencourt passa a ser um dos símbolos e chegou a ser bloqueada nos dois sentidos. Em alguns pontos, os caminhoneiros ficaram nos acostamentos. Em outros, eles queimaram pneus para evitar a passagem de veículos por um período e, depois, as vias foram liberadas.
MOVIMENTAÇÃO POLÍTICA: O Ministério de Minas e Energia afirma que Temer se reuniria com ministros no Planalto no fim da tarde. Momentos antes do encontro, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, diz que o governo federal buscaria “um pouco mais de controle” para dar “previsibilidade” à alta dos combustíveis.
Fábricas afetadas e movimentação do governo
Terça-feira (22)
NAS RUAS: Os protestos passam a atingir 24 estados. A maioria dos atos impede a passagem dos caminhões, mas permite a passagem de carros e outros veículos. Primeiros efeitos além das vias fechadas passam a ser sentidos: fabricantes como a Chevrolet, Fiat e Ford anunciaram problemas para lidar com a produção devido às manifestações. Aeroportos começam a contingenciar combustíveis.
MOVIMENTAÇÃO POLÍTICA: Depois da sequência de altas, a Petrobras reduz o preço dos combustíveis para as refinarias. O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, anuncia que o governo fez um acordo para zerar um dos impostos sobre o diesel e que acabará, em 2020, com a desoneração da folha em todos os setores.
Em video-selfie, os presidentes da Câmara e do Senado anunciam acordo com governo para ‘zerar’ os tributos de combustíveis. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que foi montado um gabinete de crise.
Alerta nos aeroportos e efeito dominó
Quarta-feira (23)
NAS RUAS: Os bloqueios em 23 estados e no Distrito Federal passam a causar problemas em diversos setores do país. Nos transportes, aeroportos alertam para a escassez de combustível. No Recife, o litro da gasolina chegou a ser vendido a R$ 8,99.
Os protestos provocaram desabastecimento, paralisação de exportações e efeitos em várias áreas: linhas de ônibus foram reduzidas pelo país, Correios suspendem postagens, a produção em ao menos 129 frigoríficos e abatedouros foi paralisada, e houve falta de hortifrutigranjeiros.
MOVIMENTAÇÃO POLÍTICA: Temer afirma que pediu “trégua” de dois ou três dias aos caminhoneiros para encontrar uma “solução satisfatória”.
“Desde domingo estamos trabalhando nesse tema (…) e tentando encontrar uma solução que facilite a vida dos caminhoneiros” – Michel Temer.
A Petrobras anuncia redução de 10% no diesel; medida deve valer por 15 dias. Redução representa queda de 23 centavos na refinaria e de 25 centavos para o consumidor.
Calamidade e anúncio de acordo
Quinta-feira (24)
NAS RUAS: Pelo 4º dia consecutivo, caminhoneiros fizeram manifestações em 25 estados e no Distrito Federal. OS efeitos se alastram com redução na frota de ônibus, falta de combustíveis e produtos em supermercados. Além disso, são anunciados os primeiros efeitos na saúde.
MOVIMENTAÇÃO POLÍTICA: Temer se reuniu com ministros, com o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, e com o presidente da Petrobras, Pedro Parente. Mais tarde, houve um encontro entre ministros e representantes dos caminhoneiros.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, anunciou que conseguiram chegar a um acordo e que suspenderiam a greve nacional por 15 dias. Duas entidades que representam autônomos, a União Nacional dos Caminhoneiros e a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), não corroboram o acordo.
Eduardo Guardia, da Fazenda, afirmou que a União deverá repassar R$ 4,9 bilhões à Petrobras neste ano como compensação pela nova estratégia de reajuste. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que há indícios de locaute.
Aeroportos na ‘seca’ e envio de forças federais
Sexta-feira (25)
NAS RUAS: Mesmo depois de Temer anunciar com otimismo o acordo, a greve de caminhoneiros chega ao 5º dia e causa reflexos pelo país; governo aciona forças federais para desbloquear estradas. Os caminhoneiros mantêm a estratégia de ficarem concentrados principalmente nos acostamentos.
A lista de aeroportos que ficaram sem combustível aumenta. A falta de combustível limita circulação de ambulâncias e cancela cirurgias em alguns estados. As universidades federais suspenderam aulas por causa da greve.
MOVIMENTAÇÃO POLÍTICA: Com tom diferente do adotado no dia anterior, o presidente da República criticou uma “minoria radical” e disse que acionou as Forças Federais de segurança para desbloquear as estradas.
“Não vamos permitir que os hospitais fiquem sem insumos para salvar vidas. Não vamos permitir que crianças sejam prejudicadas pelo fechamento de escolas. Como não vamos permitir que produtores tenham seu trabalho mais afetado” – Michel Temer
A PF apura se houve prática de crimes na greve. A Advocacia-geral da União (AGU) aciona o STF para que greve seja declarada ilegal.
Fonte: G1
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