Padrasto que torturava garota de 12 anos é preso em operação da Polícia Civil em Água Clara

A Polícia Civil de Água Clara, juntamente com o Conselho Tutelar Municipal, deflagrou na última sexta-feira, 31/05/2019, a operação “LONGA MANUS”, visando fazer presente a força policial também em áreas rurais afastadas. Duas pessoas foram presas, sendo um autor de tortura, cárcere privado, ameaça e lesões no âmbito de violência doméstica, e outro investigado por possível abuso de menores.

No decorrer da última semana, chegou ao conhecimento da Polícia Civil de Água Clara, gravíssima denúncia de possível tortura, cárcere privado, lesão corporal e ameaça em um núcleo familiar rural. Durante palestra realizada pelo Conselho Tutelar Municipal, CRAS e CREAS em uma Escola Rural afastada mais de 100 quilômetros do centro da cidade, os Conselheiros presentes tomaram conhecimento da situação.

Conversando com o grupo de alunos, muitos confirmaram dois casos graves. No primeiro, um padrasto matinha em cárcere privado a companheira, a afilhada de 12 (doze) anos e o afilhado de 7 (sete), torturando-os com objetos de açoite e ameaçando-os constantemente. O segundo caso, também grave, dizia respeito a relatos de algumas crianças que diziam estar sendo abusadas sexualmente por um dos motoristas escolares, que teria tocado partes íntimas de algumas menores.

Trazidas estas informações à Delegacia de Polícia, foi deflagrada a operação longa manus, e a equipe policial formada pelo Delegado de Polícia Titular Felipe Alvarez Madeira, Delegada de Polícia Adjunta Karen Viana de Queiroz e dois Investigadores de Polícia do Setor de Investigações procederam de imediato à área rural longínqua. A operação iniciou-se às 05h da Sexta-feira, findando apenas às 00h:02min do Sábado, sendo realizadas aproximadamente 16 (dezesseis) oitivas, duas buscas e apreensões, uma prisão em flagrante e cumprida uma prisão temporária. Para tanto, foi montado um centro de operações na Escola Rural, com apoio do Professor Coordenador responsável pela Escola, que é mantida pela Prefeitura Municipal e abriga aproximadamente 200 (duzentas) crianças e adolescentes.

Logo na chegada, a equipe Policial diligenciou à residência do torturador, localizada mais 33 quilômetros de distância da Escola, de estrada de chão. Chegando no local, foi detido o autor e conduzida sua convivente, que, examinada pela Delegada de Polícia atuante, revelou inúmeras cicatrizes permanentes nas costas, provocadas pelos açoites do autor.

Após realizadas as oitivas, foi constatado que o autor utilizava-se de uma mangueira de borracha, um pedaço de couro de cela de cavalo e um cinto com fivela de ferro para bater nas três vítimas quando queria obter informações ou discipliná-los. Interrogado, o autor confessou que torturou a cônjuge com mangueiradas nas costas após a mesma contar que havia traído-o com outra pessoa.

As crianças não podiam comunicar-se com o pai biológico sem a autorização do autor, que mantinha em seu poder o único aparelho telefônico, e constantemente perguntava o conteúdo das conversas, que eram no máximo mensais, com o genitor. Na última das ameaças, o autor afirmou que se a adolescente contasse a alguém o que se passava, teria a língua cortada. Em outra ocasião, as vítimas relataram que o autor chegou a pegar um galão de combustível e, com um isqueiro aceso em outra mão, ameaçar matar a todos.

O autor foi preso em flagrante pela ameaça mais recente, e será formalmente indiciado quanto aos delitos de tortura, lesão corporal, cárcere privado e diversas ameaças. Se confirmados os crimes na condenação, a pena pode ultrapassar 40 (quarenta) anos de reclusão. A Autoridade Policial responsável pelo caso representou ao judiciário de Água Clara pela prisão preventiva do autor.

No caso específico das suspeitas de abuso por parte de um motorista escolar, foram realizadas inúmeras oitivas confirmando as denúncias detalhadamente. O suspeito, interrogado, negou os fatos, sendo formalmente indiciado e preso após o judiciário expedir mandado de prisão temporária. Dando cumprimento a mandado de busca e apreensão, foi encontrada uma arma de fogo, “garrucha” calibre .32, na residência do indivíduo.

Uma das finalidades da operação longa manus era de levar à população rural, isolada da cidade, o claro sentimento de que a proteção estatal também recai sobre estas áreas, deixando claro aos infratores que não há “terra sem lei” no Estado.fonte portal AC água clara